Empate pela defesa do rio Arapiuns já dura 20 dias

Já dura 20 dias o ‘empate’ pela defesa da floresta no rio Arapiuns. Em protesto ao caos fundiário e ambiental na Gleba Nova Olinda, em Santarém, no oeste do Pará, moradores de 25 comunidades participam desde o dia 12 de outubro do bloqueio ao rio e de acordo com as lideranças locais não há perspectiva de encerramento. O objetivo do bloqueio é pressionar o governo do estado pela suspensão de todas as atividades de exploração madeireira e finalmente definir a destinação das terras da gleba. Como parte do protesto, os moradores retiveram duas balsas de madeira cuja origem até o presente momento não foi totalmente esclarecida.
No dia 22 de outubro, Sema e Ideflor realizaram uma ação de fiscalização nas áreas das ADIPs (Autorização Provisória de Detenção de Imóvel Público) onde planos de manejo haviam sido anteriormente licenciados, mas não constataram evidências de atividades recentes. De acordo com o Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR), essa ação de fiscalização não foi suficiente para esclarecer a origem da madeira, uma vez que as cinco Autef (autorização para exploração florestal) emitidas para a área da Gleba não cobrem todos os pontos de exploração de madeira detectados em imagens de satélite e documentados em campo.
Em nota pública divulgada hoje, o STTR informou que ainda considera a interdição do rio Arapiuns a única forma de chamar a atenção para o conflito estabelecido entre as populações tradicionais e os empresários do setor florestal na Gleba Nova Olinda I. Na nota, o STTR informa ainda que oficializou junto ao Ministério Público Estadual do Pará um requerimento de fiscalização ampla das áreas onde há exploração de madeira na Gleba para averiguar se os marcos legais ambiental, fundiário, tributário e trabalhista estão sendo cumpridos .
A Gleba Nova Olinda I faz parte de um conjunto de glebas estaduais que, juntas, somam 1,8 milhões de hectares em áreas de difícil acesso o que dificulta o controle das atividades de uso dos recursos, comprometendo a proteção das áreas de floresta com impactos que transcendem a questão fundiária e afetam diretamente comunidades tradicionais que habitam a região. As denúncias de moradores sobre possíveis atividades de extração ilegal de madeira na Nova Olinda e nas demais glebas estaduais adjacentes não param de chegar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário