5 razões para ser otimista com o clima




Faltando 5 dias para a COP-15, o texto de Alexandre Mansur e Marcela Buscato mostram porque ainda vale ter esperanças.


    Salvar o mundo ou decepcionar o mundo. Essas parecem ser as únicas alternativas para a conferência do clima de dezembro, em Copenhague. O encontro, o mais aguardado da década para combater as mudanças climáticas, pode produzir um tratado abrangente para controlar o aquecimento global ou apenas entregar uma declaração política que encaminhe a negociação para o ano que vem. Qualquer que seja o resultado, as expectativas são exageradas: o futuro do planeta não depende exclusivamente do que sairá da conferência.


  Nos últimos dias, os preparativos para a conferência assumiram a forma de uma nuvem especulativa em torno de declarações dos chefes de Estado das nações mais poluentes – e decisivas – do mundo. Primeiro, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou que não havia mais tempo hábil para negociar um tratado definitivo antes do evento em Copenhague, batizado de COP15. Poucos dias depois, em uma nota conjunta com o presidente Hu Jintao, da China, anunciou que os dois países poderiam apresentar metas na conferência, dando novo ânimo para os que ainda acreditam que um pacto final seja possível antes do fim do ano.


   Os avisos de que Copenhague pode não resultar em um tratado definitivo são uma forma de desarmar as expectativas. “É uma estratégia para não gerar uma imagem de fracasso ao final da conferência e preservar o processo de negociação, que vai continuar de qualquer forma”, diz Marcus Frank, especialista em mudanças climáticas da consultoria McKinsey no Brasil. Ainda há tempo antes do fim de 2012, quando expira o Protocolo de Kyoto. Os negociadores trabalham com a possibilidade de um encontro no meio do ano que vem para acelerar o processo.  Mesmo se Copenhague for apenas um ponto no lento e angustiante processo de negociação internacional, há bons motivos para acreditar que o mundo continuará caminhando para uma economia com menores emissões, capaz de evitar as piores consequências de um colapso do clima. A seguir, as cinco principais razões.


1. As energias renováveis fazem sentido econômico
  O investimento em fontes de energia renováveis se justifica por segurança, para reduzir a dependência dos países em relação ao petróleo e porque elas competem em preço. Em alguns lugares, a energia eólica já é mais barata que o gás natural. Por coincidência, essas fontes também reduzem a emissão de gases de efeito estufa. “Ninguém vai parar de investir em energias limpas”, diz Frank. “Com o reaquecimento econômico, o preço do barril deverá voltar a subir, premiando quem buscou alternativas. Além disso, a energia dos ventos gera de três a cinco vezes mais empregos do que a energia fóssil.”


2. A eficiência energética dá lucro
O movimento por eficiência energética está se acelerando e gerando dividendos financeiros. O melhor exemplo está nos Estados Unidos. “A Califórnia virou líder global em eficiência energética e redução nas emissões”, diz Noel Perry, investidor que se concentra em tecnologias inovadoras. “E isso nos ajudou a virar uma das maiores economias do mundo. Com um Produto Interno Bruto de US$ 1,8 trilhão, se fosse um país, a Califórnia seria a oitava economia do mundo, à frente do Brasil. Desde a crise do petróleo dos anos 70, a Califórnia criou leis de eficiência para construções, aparelhos domésticos e até aquecimento de piscina. Graças a isso, estima-se que economize, por ano, US$ 25 bilhões na conta de energia. Hoje, seu consumo per capita de energia é metade dos demais Estados americanos. A taxa de emissão de carbono também. Por seu peso econômico, e por sediar algumas das empresas mais inovadoras do mundo, como a Apple, o Google e a Hewlett-Packard, a eficiência californiana tende a influenciar o planeta.


3. Os consumidores estão cobrando
A necessidade de as empresas ganharem mercado é outro motivo para acreditar que, com ou sem acordo em Copenhague, a economia seguirá em direção a um modelo de menor emissão de carbono. Uma pesquisa da consultoria americana Delloite com 6 mil consumidores mostrou que 54% deles já levam em consideração os critérios ambientais na hora de escolher uma marca. Essa taxa só deve aumentar. “Há um tom de ouro no verde”, diz a conclusão da pesquisa. Dos clientes entrevistados, 95% afirmam que estão dispostos a comprar marcas que invistam em sustentabilidade, 63% dizem procurar por esses produtos, mas pouco mais de 20% acabam de fato comprando.


4. Os investidores preferem cortar emissões agora
As resseguradoras, espécie de seguradoras das seguradoras, são outras grandes interessadas em pressionar as empresas para diminuir suas emissões e evitar os piores impactos do aquecimento global. Elas já fizeram as contas de quanto custará ao mundo adiar a transição para uma economia de baixo carbono. Um estudo divulgado em setembro pela Swiss Re, a maior empresa de resseguros do mundo, diz que em 2030 os efeitos do aquecimento global custarão 19% da riqueza de cada país. Mas, se as empresas começarem a cortar suas emissões já, é possível evitar até 68% dessas perdas.


5. Leis locais estão exigindo a redução das emissões
Mesmo sem um acordo global, governos nacionais, estaduais e municipais já estão limitando as emissões. O Reino Unido tem a lei mais ambiciosa, que obriga o país a cortar 80% das emissões até 2050. Nos EUA, 25 dos 50 Estados já adotaram algum limite legal para as emissões. No Brasil, São Paulo anunciou um corte de 20% nas emissões até 2020, embora não tenha definido como fará isso. “Não há nenhum plano definitivo elaborado por um comitê central”, diz Oswaldo Lucon, assessor técnico da Secretaria de Meio Ambiente. “Vamos estudar agora com as outras secretarias e com as empresas do Estado como chegar a essa meta.”


Confira aqui o texto completo.






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